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terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Broadway é aqui !





“Hair” ou “Cats”? “Gypsy” ou “Mamma Mia”? Não, você não está em Nova York ou Londres olhando as opções de espetáculos da Broadway e da West End em um folheto turístico. Todos esses musicais estarão em cartaz em São Paulo e no Rio de Janeiro até o fim do ano, mostrando que o género veio para ficar no país.
Os hippies da Era de Aquarius e os gatos da Broadway desembarcam em Outubro no Rio. “Gypsy” já está nos palcos paulistas desde Julho e as músicas do ABBA chegam em Novembro com “Mamma Mia”.
Desde que “Rent” estreou em 1999 ainda com um ar experimental dando o pontapé inicial para a volta dos musicais aos teatros brasileiros, dezenas de outras peças foram montadas com ares de super produção: “Les Misérables”, “A Bela e a Fera”, “O Fantasma da Ópera”, “A Noviça Rebelde”, “Chicago”, “Os Produtores”, “Hairspray” e outros.
A indústria milionária dos musicais não dá sinais de desaquecimento e tem grandes planos para os próximos anos. A dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho, sócios da Aventura Entretenimento, que já trouxe mais de 10 espetáculos para o país, está com os direitos autorais de “Nine”, “Kiss Me Kate”, “The Fantastics!”, “O Violonista no Telhado” e “Annie”.

    Cláudio Botelho e Charles Möeller
Bert Fink, vice-presidente de comunicação da Rodgers & Hammerstein, empresa que detém os direitos autorais de musicais como “Noviça Rebelde” e “O Rei e Eu”, confirma que na última década o número de musicais produzidos na América Latina aumentou, especialmente no Brasil, Argentina e México.
Para ele, os musicais estão voltando à moda no mundo todo.“Nossos musicais estão sendo montados no Brasil e em outros países que não tinham uma grande estrutura musical no passado, como Índia e Rússia. Nós achamos isso muito animador. Além disso, os musicais estão voltando em Hollywood, Bollywood e outras capitais mundiais do cinema, o que está ajudando o conceito de musical no mundo todo. Desde ‘High School Musical’ ao atual programa americano ‘Glee’ os musicais estão populares e estão ganhando mais popularidade a cada dia ao redor do mundo”, conta.
Fink acrescenta que o contato com produtores brasileiros continua e já houve procura por peças como “Altar Boyz”, “Footloose” e “Smokey Joe’s Café”.
Por enquanto, Möeller e Botelho estão com todas as energias dedicadas a “Hair”. Os 30 atores escolhidos entre os 5.000 candidatos que se inscreveram nas audições estão passando por oito horas diárias de ensaios coreográficos, treinos de canto, aulas de interpretação e workshops variados como aulas de yoga.
O aumento de jovens atores em busca da fama nos musicais é mais um sinal de que o mercado dos espetáculos está rendendo frutos. Em São Paulo já existe um curso específico para formar profissionais do ramo. A Companhia Paulista de Teatro Musical se propõe a preparar atores nas três áreas exigidas pelos musicais – canto, dança e interpretação -, assim como nos bastidores e produção.
Na capital Paulista, a principal empresa responsável pelo boom é a Times for Fun (T4F). A diferença entre ela e a produtora de Botelho, Möeller e mais cinco sócios é a forma como as peças são montadas. Os musicais da T4F são franquias, cópias dos originais, enquanto que a Aventura faz adaptações no roteiro e traduz as canções para o português.
Aproveitando a crescente popularidade do género teatral, os musicais nacionais também vêm ganhando mais espaço.
Em 2006, Möeller e Botelho resgataram a “Ópera do Malandro” de Chico Buarque e, no ano seguinte, montaram o grande sucesso “Sassaricando”.
                                                                    Elenco de "Sassaricando"

Escrito pela historiadora Rosa Maria Araújo e o jornalista e crítico Sérgio Cabral, “Sassaricando” apresentou um desfile de cem marchinhas de Carnaval e serviu como modelo para “É com esse que eu vou”, escrito pela mesma dupla, e atualmente em cartaz no Teatro Oi Casa Grande no Rio. O segundo fala sobre sambas carnavalescos e é praticamente uma continuação do primeiro.

Uma remontagem de “Orfeu da Conceição” de Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim também acabou de passar pelo Canecão do Rio em curtíssima temporada, e segue agora para São Paulo, Brasília, Goiânia e Porto Alegre.

Uma das produtoras de “É com esse que eu vou”, Maria Ângela Menezes, diretora da empresa Tema Eventos Culturais, afirma que os musicais estrangeiros abriram o mercado para os nacionais, mas ressalta que o sucesso de ambos só foi possível com a melhoria da infraestrutura dos teatros.

“A gente está conseguindo fazer com cada vez mais qualidade, então tudo vai ficando cada vez melhor, mais interessante. É agradável você assistir um espetáculo tão bem iluminado com um som tão bom. Eu acho que as pessoas vão reconhecendo, vão tendo experiências agradáveis e começam a cada vez mais querer procurar e assistir,” disse. Veja a entrevista completa no vídeo no final da matéria.

Não por coincidência, o primeiro grande sucesso dessa nova leva de musicais, “Les Misérables”, estreou no então Teatro Cine-Paramount, atual Teatro Abril, o qual havia acabado de passar por uma reforma de R$ 12 milhões para ganhar equipamentos de última geração.

Desde que “Minha Querida Dama”, adaptação de “My Fair Lady”, o primeiro musical da Broadway a ser montado no país, estreou em 62 com Bibi Ferreira e Paulo Autran, muita coisa mudou.

As cifras se tornaram milionárias e os espetáculos ganharam cada vez mais “brasilidade”, mas os musicais seguem encantando plateias e inovando o meio teatral. Afinal, o show tem que continua .

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